5 de out. de 2008

Antonio e Albertino

São gêmeos, apesar de um ano e um dia de diferença. Univitelinos de comportamento. O que um faz o outro não deixa de fazer. Foi assim desde que nasceram, o primeiro no dia 11 de outubro de 1932 e o segundo no dia 12 do mesmo mês e ano seguinte.

Cresceram juntos, brincaram juntos e brigavam... Muito. Mas sempre juntos. Também se divertiam. Assumiam a responsabilidade juntos quando aprontavam, como “fazer praia” na sala de casa com farinha. E, é claro, apanhavam juntos também.
Têm idéias opostas, porém o mesmo temperamento e as mesmas explosões de cólera. Capazes de fazer cair o mundo em meio a uma confusão, refazem os laços com os inimigos muito mais rápido do que grandes amigos.

Não ouvem verdades. Sempre as dizem, com ou sem exagero. O negócio sempre foi deixar a boca em movimento. Eram e continuam sendo incansáveis e imbatíveis nesse ramo.
Enfrentaram a juventude um ao lado do outro. Ficaram conhecidos assim. Antonio e Albertino, carne e unha ... Vale qualquer coisa como comparação. Até nas brigas se completavam. Eram como cão e gato, às vezes mansos.


O primeiro casou em dezembro. O segundo cinco meses depois. Tiveram seis filhos: duas mulheres e um homem cada um. Formaram uma família, se aposentaram, perderam o mesmo pai e a mesma mãe. Estão envelhecendo. Cada um em sua casa, ambos com uma filha morando fora, ambos com as mesmas mulheres, ambos com as mesmas birras. Juntos parecem iguais, separados parecem inseparáveis. Diferentes e gêmeos. Às vezes, a mesma pessoa.

PS.: Antonio morreu em 8 março de 2001. O coração literalmente explodiu com o que se chama de rompimento do miocárdio. Albertino, de saudade, uma gestação depois, no dia 9 de dezembro do mesmo ano. De novo, o miocárdio.

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