1 de nov. de 2008

Ribamar, tô on-line

A convivência com homens pode ser um grande aprendizado. Não, não é pilhéria. Às vezes podemos tirar grandes lições com eles. Com meu irmão é assim. Quieto, na dele, ele puxou mais à minha mãe. Em uma festa, faz o estilo “canto”, aquele que está sempre ali, meio afastado, com um copo de qualquer coisa na mão, mas não perdoa a mulherada. Quando era mais novo, já fez minha irmã mentir muito. Dependendo da safra, ele a usava de secretária para ajudá-lo a administrar tantos rolos.

Depois que casou ficou mais quieto. Arriscaria até a dizer, família mesmo. Mas o casamento durou o tempo que tinha de durar e, hoje, divorciado ele não esquenta a cabeça.

Em Salvador, estávamos ele e eu vendo televisão quando o telefone tocou. Era uma namorada que uma sexta sim a outra também tinha uma desculpa para não se encontrarem. Ela trabalhava muito e tinha como foco a carreira de advogada. Já ele, piloto de avião, procurava descansar ao máximo quando estava de folga, como era o caso.

Naquela sexta, particularmente, eles já tinham combinado, desde cedo, de sair não sei pra onde. Apesar de discreto, ele também deixou escapar que estava de saco cheio das desculpas de trabalho da “vítima”. Pensei comigo: a cobra vai fumar se ela vier com algum papinho de que não dá para sair.

Mesmo depois de comentar que ela iria dar um cano, ele não demonstrava preocupação. Jantamos, ele tomou banho e se vestia para sair quando o telefone tocou. Iiih! Ia ser agora. Se fosse ela, já estava vendo a cena: discussão no telefone, chateação, ele ficaria aborrecido e depois um dos dois ligaria novamente. Enfim, aquela aporrinhação de casal.

E era ela mesma. Com o telefone no ouvido, ele ainda sem camisa andava pela casa procurando alguma coisa. Só dizia sim, tá, ok, depois a gente se fala... Fiquei esperando algum piti bem dramático, mais comum entre a minha raça, digo, a feminina. Achei que viesse algum discurso do tipo: chega, vou terminar, essa palhaçada acabou, vou arranjar outra, vou ligar para não sei quem, vou fazer e acontecer blábláblá...


Mas que nada. Ele achou a camisa que queria e a vestia ao mesmo tempo em que procurava o celular. Discou um pin, pin, pin, pon, pen, pon, pin e na seqüência mandou essa: “Alô, Ribamar, sou eu, tô on-line”. E com o amigo e certamente outros saiu; voltou depois das quatro da manhã e passou um sábado sem nenhum sinal de aborrecimento. Na folga da sexta seguinte, sequer esperou marcar nada. Uma engenheira já o esperava para curtirem o fim de semana juntos.

2 comentários:

untitled disse...

Essa entrou para a história!

Mitsuko disse...

Cara... até eu já adotei a frase antológica de Sergio. E olha que nem conheço o Ribamar...ahhahahahhhh